quarta-feira, 9 de junho de 2010

Juninho x Felipe: Nada de ídolo-unanimidade no Vasco.

Vasco. Se tem uma paixão que me acompanha desde o berçário é ele. Não o barbudo navegador português, mas o que ele originou. Não o Caminho das Índias. Esse foi a Glória Perez (acho). Mas sim o centenário clube luso-brasileiro da Zona Norte carioca. E o que me inspirou a falar sobre ele foram dois nomes consagrados nos últimos anos: Juninho Pernambucano e Felipe e um assunto que me incomoda: "Juninho Mercenário". Pois quase depois de uma semana do reizinho ter dado beijinho-beijinho-tchau-tchau para todos os vascaínos esperançosos com seu retorno, o velho camisa 6 retorna. Mas para mim, Felipe, apesar de craque, é um ídolo um patamar abaixo.



Explico. Apesar do camisa 8 ter saído de São Januário em litígio com o clube, pedindo o direito pelo seu passe na Justiça, entre os torcedores ele sempre foi unanimidade. Sempre! Sempre esteve na memória dos torcedores, essa massa carregada pela emoção e pelo momento da qual eu faço parte, os títulos conquistado com faltas, passes e gols que saíram do preciso pé direito do pernambucano. E sobretudo isso, que é cantado em verso pelos torcedores cruzmaltinos Brasil afora:


O título mais importante que o Gigante da Colina conquistou na última geração foi graças a esse gol de Juninho, na semi-final contra o River Plate. Dúvido você que não é vascaíno lembrar quem foi derrotado na final. A final para nós foi contra o River. A final oficial jogamos contra o Barcelona de Guayaquil uma espécie de LDU, time pequeno que o grande tem que ganhar de qualquer maneira em uma final.

Pois bem, mesmo com todo crédito, há mais ou menos um ano, Juninho levantou polêmica entre os torcedores vascaínos pelo fato de ter ido jogar no Catar. O jogador que ganhou sete títulos nacionais consecutivos pelo Lyon-FRA, era esperado com fervor pelos vascaínos, então na série B, ávidos por títulos e carentes de ídolos. Para mim, a explicação foi plausível e uma deixa de que o sonho de ter o camisa 8 de volta estava enterrado: "No catar vou ganhar 1 milhão pra jogar 30 vezes no ano, sem concentração, sem desgaste físico, sem competitividade. Não quero voltar com risco de ir mal e apagar a minha história no Vasco." Disse ele então com 35 anos de idade. Um ano depois ele nega de vez sua volta, dizendo que não tem condições de jogar bem com 36 anos de idade e que tem que treinar muito para encontrar a forma ideal. Sinceridade.

Nesse período, por vascaínos que conheço e nas comunidades da internet, Juninho passou a ser enxergado como mercenário por alguns, enganador por outros, "sem amor pela camisa" e afins... Uma semana depois da negação final, o Vasco usa toda a verba levantada na "Operação Juninho" para trazer Felipe. Outro ídolo. Ídolo?


Felipe é (era?) um craque. Começou no Vasco, ganhou muitos títulos e depois rodou o mundo, com passagem nos rivais Flamengo e Fluminense. Foi herói inclusive em um título rubro-negro contra o Vasco em final de Campeonato Carioca ( Geninho diz: Dá no tornozelo dele!). Na carência de tudo que o time da Colina tem, Felipe será recebido com pompa e carinho. "O retorno do ídolo"! "Até que enfim alguém que honre a camisa." Dizem ou dirão. E Juninho, fadado à sua nova alçada de "mercenário", desce a um patamar semelhante ao velho/novo camisa 6.

Percebam que quando falo de patamar, digo do carinho e idolatria que o torcedor tem pelos jogadores, não pelo nível de futebol. Craques maiores que eles passaram pela Colina e quase sempre com polêmica.


Um dos craques mais antigos lembrados até hoje, o artilheiro do Expresso da Vitória, Ademir de Menezes, o Queixada, trocou o Vasco pelo Fluminense, em tempos que, imagino, isso não era tão comum.

O ÍDOLO vascaíno (sim, letras maiúsculas para ele) Edmundo já teve suas polêmicas com o torcedor. Pra que torcida você acha que ele fez isso?:


O grande Romário que venceu tudo. Cria da Colina. Campeão da Mercosul e do Brasileirão. Com a camisa do Vasco, elogiando a torcida do... Flamengo?:


Tudo bem que eu concorde com as palavras dele em algum aspecto, mas elogiar a torcida do Flamengo com a nossa camisa 11 é demais, não é? Pra mim o Romário é flamenguista. E tenho dito.


Pra finalizar a lista que isso aqui virou, o mais polêmico dos ídolos. Quando eu trabalhava em jornal o entrevistei e perguntei: Por que afinal você quer ser presidente do Vasco? A torcida te adora. Se der errado vão acabar com você. Dito e feito. Roberto Dinamite, ídolo-mor da história vascaína, com uma administração até agora pífia, transformou isso:


Nisso:


Juninho Pernambucano era o único a ser querido por todos os vascaínos. Todos os outros citados já tinham criados divergências em tempos distintos de sua vida ou carreira com os torcedores. E com o clube indo de mal a pior, o reizinho perdeu o posto que era apenas seu, o de unanimidade. E não há na Colina mais alguém nessa posição. O futuro do Vasco é uma incógnita e, espero eu, alguém possa se candidatar a esse posto num futuro próximo. Pelo menos o craque para tirar o time da lama já está de volta, espero que em forma. Felipe será bem recebido, sem dúvidas, mas Juninho Pernambucano não será renegado pelos que ele fez sorrir com sua classe e raça em campo. Aos que esperavam mais do "velhinho" vai ficar só a mágoa e a frustração. Parabéns ao cara pela carreira e obrigado por tudo.

Abraço!

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